João Ubaldo morreu. Reconheço que
nunca fui um bom leitor dele, sempre preferi Jorge Amado, não por questões
literárias de fundo, mas pela picardia de Jorge, era mais fácil para um
adolescente em uma época em que Playboys eram raras e caras. Não sei, João
tinha uma coisa mais política, Jorge era só putaria.
Então não conheci João pela
literatura, conheci ele pelo bom humor. Foi um homem que falava sorrindo. Bom
contador de histórias, amigo de Jorge Amado, amigo de Glauber Rocha. Foi um
homem que se entregou ao seu Dom, escritor nato. Cronista conciso. Um homem que
apostou naquilo que achava que tinha talento. E seu talento era escrever.
E sua escrita conheci por
imposição, em um texto do professor de literatura, eu acho, era uma carta
escrita para FHC, meu Deus que carta. Assertividade política, associada com
precisão literária e o melhor em diálogo com o grande público.
Depois só seu sorriso... sua alegria... sua forma de ver e ler o mundo sempre foram mágicas para mim.
E sargento getúlio, que soco no estomago...como um homem tão risonho poderia ter escrito aquilo?
Que monstros escondia por trás daqueles sorrisos? Talvez só genialidade.